O uso de palavras e acrônimos em inglês, tornou-se comum nos ambientes empresariais, em mensagens individuais, reuniões, conversas e nos meios de comunicação interna. Criou-se um tipo de linguagem recheada de jargões corporativos, rotulada de corporativês.
Os consequentes benefícios ou malefícios são discutidos por gestores, consultores, observadores e empregados, em debates inconclusivos e controversos, mas a verdade é que, a despeito das resistências, é difícil lutar contra essa tendência, já que tais expressões tornaram-se parte da cultura empresarial, no Brasil e no exterior.
Muitos, especialmente os mais experientes, passaram a empregá-las institivamente, enquanto iniciantes se esforçam para aprendê-las e utilizá-las, no intuito de não parecerem desatualizados. Quem se rebela e resolve trocar public relations (encurtada para PR), por relações públicas, job por trabalho ou budget por orçamento, se sente diferente de forma depreciativa e se percebe julgado como uma espécie de alienígena no workplace (Ih! Jargão?).
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Por outro lado, em um mundo globalizado parece ser razoável a utilização de termos de emprego universal, que facilitem o desenvolvimento de vocabulário e, consequentemente, a comunicação com clientes, fornecedores e parceiros internacionais.
Costumo me posicionar favoravelmente ao uso, sem exageros, de algumas dessas expressões, especialmente aquelas cujas traduções sugeridas para o português sejam termos de incômoda sonoridade ou de conceito impreciso, que mais prejudiquem do que facilitem a compreensão, como offshoring. Tente traduzir; deslocalização? Vale lembrar que muitos jargões entram e saem de moda depois de tão batidos, supostamente “desqualificando” quem, inadvertidamente, insista em usá-los. É o caso do terrível “startar processo”.
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Um estudo, encomendado por LinkedIn e Duolingo, traz interessantes conclusões sobre o tema; uma delas é que quase metade dos trabalhadores, em oito países pesquisados, afirmam que, ao menos uma vez por semana, são surpreendidos em reuniões com algum jargão que os fazem sentir-se inferior aos colegas participantes.
A verdade é que além de impossível evitar os jargões, creio ser desnecessária qualquer obstinação em livrar-se deles, já que muitos acabaram por tornar-se tão usuais que passaram a ser regra, e não exceção.
Exercícios exaustivos para evitá-los, acabam gerando perda de tempo e de energia que poderiam ser usados na qualidade do conteúdo dos trabalhos e das mensagens que se escreve, além de exigirem com toda a certeza, muita criatividade para se encontrar palavras que os substituam, naturalmente, sem parecer pedantismo.
Junho/2023