Por que a pergunta?

Papai e Fernanda no parque

Em um belo domingo de sol saímos para um passeio pelos jardins do Museu da República; eu Renata e Fernanda.

Não posso dizer que passeios em parques sejam os meus preferidos, mas o local é muito bonito e Fernanda adora brincar por lá.

O roteiro foi o de quase sempre: algumas voltas com ela ao redor dos lagos no carrinho, brincadeiras no playground, um tempo sentados na grama, umas trocas de passes com a bola e contatos com os patos e gansos adorados pela Fernanda que os chama de cacá, e não de quaquá ou quenquém, como a maioria das pessoas simula os sons emitidos por essas aves. Na verdade, demorei a perceber que certa está ela. Patos fazem mesmo é cacá. Se duvidam, chequem isso na próxima vez que encontrarem um animado bando deles.

Enquanto jogávamos bola dois garotos, aparentando 9 ou 10 anos de idade, se aproximavam, de vez em quando, a princípio meio tímidos, para aproveitarem e darem uns toquinhos na pelota.

Começaram a se animar e a se engraçar em incursões cada vez mais frequentes ao espaço que tínhamos reservado, onde estacionamos o carrinho de bebê e estendemos uma canga, que aliás é usada muito mais pela Renata do que por mim e pela Fernandinha.

Não consigo entender por que as pessoas não levam pequenas cadeiras para o parque e preferem sentar-se de maneira desconfortável nessas cangas, ou panos parecidos. Depois é um tal de vira pra cá e pra lá em busca de posições mais confortáveis para alívio da coluna. Quando não dá para levar cadeiras prefiro ficar em pé.

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Passado um tempo sem que eles retornassem, Renata, aquela que estava me tranquilizando, fica incomodada também e resolve ir atrás deles. Quando os encontra pede a bola e eles se recusam a devolver, continuando a tocar um para o outro e mandando Renata esperar. A pessoa que estava tranquila se transforma em uma fera, na defesa do brinquedo da filha, e começa a pegar pesado com os moleques:

— Me dá essa bola agora!

Olhava para o lado procurando os responsáveis pelos pestinhas, mas não encontrava ninguém. Ameaçou me chamar para resolver o imbróglio e eles nem deram bola, literalmente, e continuaram, até que ela surta e manda essa, aos berros:

— Eu não estou brincando, me entrega essa bola agora ou vocês vão ver!

As gentis e educadas criancinhas, resolveram então atender à determinação emanada, serenamente, pela Renata e devolveram a redonda.

Antes de os garotos sumirem com o artefato esférico e Renata ter conseguido recuperá-lo, um deles havia se aproximado de mim e perguntado, referindo-se à Fernanda:

— O que você é dela?

— Sou pai.

— Pai?

— Sim, pai, por quê?

— Por nada.

Ele se virou para ir embora, deu alguns passos, mas não se conteve e voltou:

— Você é pai ou avô?

— Pai, cara! Já disse: eu sou o pai dela.

Ele fez uma cara de espanto e foi embora.

Fiquei intrigado com aquilo e até hoje, quando me lembro do fato, penso: que ideia!

Que pergunta sem nexo!

Moleque sem noção.

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