E, com o papai acompanhando o parto, nasce Fernanda

Nasce Fernanda

Sábado, 27 de novembro de 2021: Renata começa a sentir dores no final da manhã. Domingo, 28, às 2:54, nasce Fernanda.

Lá se iam pouco mais de 39 semanas de gestação. Ligamos para a obstetra que recomendou que aguardássemos mais algumas horas e observássemos tipo, característica, frequência e evolução das dores.

É comum que a calma dos médicos contraste com aquelas típicas situações retratadas em filmes e novelas que acabam por nos influenciar, aumentando nossa tendência de correr para o hospital, ao primeiro sinal de possíveis contrações, com medo de viver aquelas cenas de ruptura de bolsa no carro, cabeça de neném começando a sair, pânico etc.

Dias antes, uma mulher deu à luz seu bebê, nas areias de Copacabana, sendo auxiliada por garis que trabalhavam no local e ajudaram no parto.

Os médicos preferem que a paciente chegue já com alguns centímetros de dilatação, para que a espera não seja longa e para que não haja internações precoces, que dificultem o funcionamento do hospital, mas, para os pais, o ato de decidir sobre o momento certo de partir para a maternidade, não é, definitivamente, uma tarefa simples, até porque não é fácil interpretar as orientações médicas nessa hora.

E era dia de decisão de Libertadores da América. Flamengo x Palmeiras, às 17:00h. Torci muito para que Fernanda esperasse até a manhã do dia seguinte. E ela até que esperou, mas nem tanto.

Decidimos ir para a maternidade. Nossa escolha foi a Perinatal Laranjeiras; e que bela e acertada escolha. Excelente em tudo: instalações, atendimento, profissionais, tudo e todos contribuindo para que nos sentíssemos muito bem assistidos.

Veja > Paternidade depois dos 60 – sobre um comentário a mim dirigido

A obstetra, nossa querida Dra. Mariana Conforto, chegou, fez exames, encaminhou a Renata para fazer alguns outros e constatou que a dilatação era ainda pouca. Recomendou que fôssemos para casa e esperássemos. Fizemos isso.

Pai acompanhando parto da filha
Com a chefe da equipe Dra. Mariana Conforto

Horas depois as dores aumentaram e Renata começou a ficar ansiosa, nervosa e impaciente. Consegui convencê-la a esperar um pouco mais até que percebi que permanecer em casa seria aumentar o estresse. Decidimos, então, voltar à maternidade, dessa vez com mala e tudo, dispostos a ficar por lá até que Fernanda resolvesse dar as caras.

A médica voltou para nova avaliação, percebeu ligeiro aumento da dilatação e resolveu determinar a internação, recomendando que Renata tivesse calma e resistisse à dor, para que fosse possível se chegar ao nível de dilatação desejável.

Foram mais algumas horas de muita dor e sofrimento para a Renata. E eu fiquei de massagista, reproduzindo a técnica ensinada pela médica e pelas enfermeiras. É, papai acompanhando o parto tem que estar ligado. A cada contração se seguiam gritos e contorções que me deixavam preocupado, sem saber o que fazer, com muita pena dela e muito grato à vida e à natureza, por ter nascido homem.

Veja também > Paternidade na terceira idade

Consegui ver o gol do Gabigol, em uma fugida para a sala de espera, ainda antes da internação. Inútil. O Flamengo perdeu, graças a uma presepada do Andreas Pereira, mas futebol é isso. Para mim, entretanto, ainda haveria um terceiro tempo, mas de uma outra partida.

Gabigol chuta para empatar
Gabigol chuta para empatar – (foto: Juan Mabromata/AFP) – Correio Braziliense

Renata estava tão exausta e sofrida que já começava a aceitar a ideia de uma cesariana, caso ainda não houvesse dilatação para uma pequena anestesia. Informamos isso à Dra. Mariana que determinou a remoção dela, do quarto para a sala de parto. Minutos depois ela chega e constata dilatação de 10 cm. Começam, então, os procedimentos.

A anestesia trouxe o tão desejado alívio para a Renata, e eu, cansado, com fome e tenso, dei uma fugida até o quarto e virei dois generosos goles de uma anestesia minha, que levei, muito bem acondicionada em uma garrafinha escocesa de bolso, da mesma nacionalidade do líquido nela contido, e voltei correndo para o campo de batalha, devidamente revigorado.

Papai acompanhando o parto - uma leve pausa
Uma pequena anestesia para o papai

Todos a postos, e eu pude, então, entrar em ação, exercendo o meu papel de pai no parto, ficando ao lado de Renata, do início até o fim dos trabalhos, dando-lhe apoio e pondo em prática meus treinamentos e mandando frases motivacionais do tipo daquelas que as doulas dizem: “vamos lá amor!”; “você vai conseguir!”; “veja como você é forte!”; “aguenta firme!”; “você está ótima!”; “ela está vindo!”; essa última, então, é a que mais se repete, por toda a equipe, na sala de parto, e já começa a ser pronunciada antes mesmo da parturiente começar a ser instruída a fazer força.

Até que, às 2:54h, nasceu minha filha, Fernanda.

Papai acompanhando o parto -

Emoção, amor, e a realização do sonho meu e de Renata. E tome vídeos e fotos.

Após todos os necessários procedimentos obstétricos e pediátricos, fomos liberados e conduzidos para o quarto, obviamente exaustos. Fernanda foi conosco.

Com muito custo, após as devidas orientações das enfermeiras e de diversas tentativas infrutíferas, Renata conseguiu amamentá-la. Ela se acalmou e dormiu, e nós, lá pelas 4:30h, simplesmente apagamos.

Após algumas poucas horas de sono, fomos despertados por uma enfermeira, que invadiu o quarto para passar mais instruções à Renata sobre amamentação.

Depois de controlar o meu impulso de estrangulá-la, pedi, educadamente, que o treinamento prosseguisse na manhã seguinte e que não fôssemos mais incomodados para que pudéssemos dormir e descansar. Meu pedido foi atendido por mais alguns minutos, até que, às 6h, mais uma invasão, para perguntarem o que gostaríamos para o café da manhã e, às 6:30h outra, para a retirada do lixo. Repeti o pedido de sossego e privacidade, porém, dessa vez, de maneira um pouco menos gentil.

Ao final da manhã, registrei Fernanda, fizemos as fotos de despedida, os acertos finais com a Perinatal e aguardamos o vovô e a bisavó, que foram nos buscar de carro.

Papai acompanhando parto. Saída da Perinatal

Meus agradecimentos à Perinatal e à toda a equipe médica, em especial à Dra. Mariana Conforto, obstetra, e à Dra. Ana Carolina, que deu assistência à Fernanda após o nascimento e que hoje é a sua pediatra.

papai acompanhando o parto - com a equipe médica

Concepção, primeiros três meses de gestação, exames diversos, ansiedade, evolução da gravidez, preocupações das mais variadas, papai acompanhando o parto natural bem-sucedido e, finalmente, no dia 29/11/2022, estávamos em casa; eu, Renata e nossa tão amada e desejada filha, Fernanda. A sensação de alívio que experimentamos nessa hora, por tudo ter corrido bem, é imediatamente seguida pela percepção de que passamos, simplesmente, por uma etapa, e que, na verdade, tudo está apenas começando. Vida linda.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Agendar Consulta

Rolar para cima