O desejo de liberdade é mais forte que a paixão!
Rubem Alves
Nunca me pareceram muito razoáveis as separações conceituais entre as palavras amor e paixão.
Em quase todos os dicionários amor aparece como um dos diversos sinônimos e definições da palavra paixão. Creio que se estabeleceram confusões que são fundamentadas em questões muito mais relacionadas a tempo de duração, frequência e intensidade de atos impulsivos nos relacionamentos afetivos, do que em diferenças semânticas.
Parece que quando alguém se diz apaixonado está querendo dizer que não está ainda amando e que quando diz que está amando, parece estar querendo dizer que não está mais apaixonado, ou seja, já se teriam passado os momentos de ardência e de loucuras supostamente cabíveis somente entre os muito apaixonados.
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Parece, também, que amor e paixão são sentimentos mutuamente excludentes. E há até definições absurdas de tempo para caracterizar um e outro; diz-se, com frequência, que a paixão parece ter validade de dois anos, daí para frente, se o relacionamento continua, é amor. E quando casais ultrapassam, heroicamente, esta marca, mantendo atitudes românticas e muito afetuosas, são, surpreendentemente, referenciados como “ainda apaixonados”, a despeito de tanto tempo juntos.
E, por falar em paixão, aqui vai algo que gostaria de ter dito ao escritor Rubem Alves: o que seria do irracional, encantador e emocionante prazer de se apaixonar se o sentimento de liberdade fosse, como ele disse, mais forte que a paixão? Claro que, se assim fosse, as pessoas não se entregariam de corpo e alma às paixões, já que, em algum momento, esta poderia afetar suas supostas liberdades e tudo o que é emocionante no processo da paixão ficaria para segundo plano.
Definitivamente, não dá para pensar, prioritariamente, em liberdade quando se está loucamente apaixonado, ainda que pela própria carcereira.