Setenta já tá bom; né, amiga?

Setenta já tá bom, né amiga

Certa vez, em visita a um casal, a amiga da Renata, de 37 anos, disse que já se considerava velha. Simulei pigarros e tossidas, mas não adiantou; ela prosseguiu dizendo que já não esperava por grandes transformações e mudanças na vida profissional e privada.

Disse essa frase diante de mim, um sujeito quase 30 anos mais velho, que dentre todas as mudanças vividas, a maioria após os 37 anos, estava, naquele momento, vivendo a mais incrível, ao lado da sua amiga, minha mulher, grávida da primeira filha, a sexta minha.

Limitei-me a dizer que ela estava sendo precipitada e que há confiáveis evidências para se acreditar que muita coisa pode vir pela frente, em qualquer idade, especialmente aos 37 anos. Não creio que tenha conseguido sensibilizá-la.

Esta mesma amiga disse à Renata, em outra oportunidade, que não se sentia com energia para viver muitos anos e que se daria por realizada se chegasse aos setenta, finalizando com uma pergunta: “Setenta está bom demais, não está, amiga?” Renata respondeu dizendo que não considerava 70 anos o bastante, pois tem uma avó, entrando na casa dos 90, cheia de vida, energia e planos, e ela, Renata, está casada com um sujeito, pai da sua filha, o qual, por motivos óbvios, também acredita que 70 anos é muito pouco.

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As pessoas, na maioria das vezes, agem sem perceber e, portanto, é claro que tenho que estar preparado e sem neuroses para lidar com eventuais comentários que, na verdade, seriam feitos naturalmente sem a minha presença.

Os mais jovens não têm que estar a meu lado apreensivos e preocupados em dizer algo que possa me constranger. Eu não quero isso também, até porque convivo muito com eles e gosto dessa convivência, e por essa razão tento me portar com naturalidade, demonstrando que não tenho preocupações dessa natureza e até fazer piadas com o tema, eventualmente.

O fato é que, quando se está a 30 anos de distância dos 70, é difícil se ver convencido de que viver esse tempo pode ser considerado muito pouco. Lá pelos 60, se doenças graves, acidentes ou balas (perdidas ou diretamente a ela direcionadas) não a alcançarem, provavelmente entenderá isso. E eu então, ao encontrá-la, direi: não falei?

Será?

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